sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Quinta do Noval 2000 Late Bottled Vintage Port

Português:
E porque hoje é véspera de natal, deixo-vos esta sugestão para acompanhar as sobremesas desta época.

Aparência:
Cor granada escura. Lágrima escorre muito lentamente no copo.

Aromas:
Não impressiona no nariz, sente-se compota de amora e alguma ginja.

Palato:
Sedoso na boca, sabe no início a ginjas em calda, com um sabor surpreendentemente definido. A segunda camada trata-se de doce compota de amora em pedaços. Tal e qual, quase se se sente a textura. Se seguida regressa a ginja que acaba por se impor. Este LBV quase que se consegue barrar no pão.

Final:
Ultra longo, balsâmico e potente.

Conclusão:
Acompanhou bolo inglês, mas julgo ser talhado para queijos de pasta dura. Excelente. Meia garrafa custa 8€.

Sítio do Produtor:
http://www.quintadonoval.com

English:
Because today is Christmas Eve, I suggest this LBV to pair the desserts.

Appearance:
Dark garnet colour. Tear runs slowly into the glass.

Aromas:
Not impressive in the nose, blackberry jam and some cherries.

Palate:
Silky in the mouth, attack with cherries in syrup surprisingly defined. The second layer is blackberry jam resembling it's texture. Ends with cherries dominating flavour experience.  This LBV could be suitable to spread in the bread regarding such finesse.


Finish:
Ultra long, balsamic and powerful.

Conclusion:
Paired perfectly with English cake, but I think it is suited for hard texture cheeses. Excellent. Half a bottle costs 8€.

Producer's web site:
http://www.quintadonoval.com

Bons Ares 2009 Branco

Português:
Bebido uma mão cheia de vezes este ano, porque é um vinho fácil de encontrar em restaurante.

Feito a partir de um blend de Viosinho, Rabigato e Sauvignon Blanc.

Aparência:
Amarelo palha, quase translucido. Lágrima escorre lentamente no copo.

Aromas:
Contido no nariz, fruto tropical, fruto de caroço e citrinos.

Palato:
Meio seco e corpo leve, tem acidez crocante no início com ataque cítrico seguido de uma mistura de frutos tropicais e algum alperce. A acidez muito viva e que lhe confere estrutura prolonga os sabores na boca e que o tornam fácil de beber, quer pela frescura quer especialmente pela presença do cariz tropical. Altamente agradável de beber.

Final:
Longo e com sensações fumadas apesar do vinho não estagiar em madeira.

Conclusão:
Se pretende um vinho que todas as pessoas gostam, este é um daqueles que pode comprar sem receios. A receita não é original, mas vai de encontro ao que muitas pessoas gostam hoje em dia. Tem um senão: o álcool. 14% é um exagero. Custa 7€ e tem boa relação qualidade preço.

Sitio do produtor:
http://www.ramospinto.pt

English:
Drank a handful of times this year because it is easy to find this wine in a restaurant.

Made from a blend of Viosinho, Rabigato and Sauvignon Blanc.


Appearance:
Translucent straw yellow. Tear runs slowly into the glass.

Aromas:
Low to moderate in the nose, tropical fruit, citrus and stone fruit.

Palate:
Dry and light body, crisp acidity is in the beginning guided by a citrus attack and a blend of tropical fruits and some apricot. The lively acidity provides structure and extends the flavors in the mouth that make it easy to drink, either by freshness and particularly it's tropical character. Highly enjoyable to drink.

Finish:
Long with smoked notes despite the fact this wine does not touch wood.

Conclusion:

If you want a wine that everyone likes, this is one of those who can buy without fear. The recipe is not original, but it is easy to drink. Has a drawback: the alcohol. 14% is an exaggeration. It costs € 7 and has great value for money.

Producer's Web site:
http://www.ramospinto.pt

sábado, 11 de dezembro de 2010

Encruzado – A Casta e o Vinho

Português:

A casta Encruzado tem as suas raízes no Dão e por lá se tem mantido. É uma casta que proporciona vinhos brancos com uma acidez viva, assegurando condições para guarda. Por outro lado quando novos são vinhos frutados com grande impacto na boca e em velhos sofrem mutações para sabores em torno do fósforo e resinas entre outras combinações mais complexas.

Pena é que uma das castas com grande potencial no nosso país, a par com o Alvarinho continue esquecida no mundo. A prova realizou-se no início de Novembro e no momento em que escrevo esta crónica está a realizar-se a Wine Tourism Conference Workshop no Porto. Jancis Robinson afirmava à pouco via twitter: "Tricky to dissuade Portuguese from thinking their history is enough to sell their wine". Esclarecedor sobre a forma como abordamos o mercado. Outro aspecto sintomático: na sala metade das pessoas eram enólogos responsáveis por alguns dos vinhos que faziam parte da prova (por exemplo: Quinta dos Carvalhais, Munda) pessoas com mais de 50 anos e que conheciam a casta e sabiam do seu potencial de envelhecimento e pouco mais. Esteve também presente Sarah Ahmed crítica Inglesa que demonstra que parece que são os estrangeiros que se interessam mais no potencial desta casta do que os próprios Portugueses.

A prova foi guiada pelo crítico João Paulo Martins.



Quinta dos Carvalhais 2010 - amostra de cuba 
Este vinho é feito a partir de duas vinhas distintas. Ainda muito cru (tártaro) mas mas a dar boas notas de concentração de fruta de caroço.


Quinta dos Carvalhais 2010 - amostra de barrica
Com acidez em ponto crocante, sabor ainda em bruto, não tem notas de madeira porque segundo o produtores não queimam a barrica, usam água quente e por isso torna o vinho mais directo e fresco.

Quinta dos Carvalhais 2009
Muito fruto caroço, grande equilíbrio na boca com uma acidez perfeita, sabor cresce e liberta ligeiro retro-balsâmico. Fim de boca longo.



Condessa de Santar 2009
De perfil diferente ao típico Encruzado novo também pelo facto de resultar de um blend com Arinto, nota-se presença de floral em primeiro plano seguido de fruta de caroço. Tem boa proporção na boca mas a mistura não me pareceu feliz. É um vinho fino de sabores, sem o impacto de boca dos restantes. Final médio.

Adega de Penalva 2008
Um vinho com perfil muito diferente dos outros. Dominado pelo floral, mas de pouca interacção e acidez curta. Não gostei.



Munda 2007
Tinha bebido num almoço na mesma semana a colheita de 2009 e pareceu-me demasiadamente jovem. A Colheita de 2007 é enorme e foi dos vinhos jovens o meu preferido. Nariz complexo: erva, caixa de fósforos, folhas, algum fruto de caroço. Na boca é um vinho de perfil seco, austero, com uma acidez brilhante e muito retro balsâmico, fruta de caroço envolvente e de sabor exponencial. Final longo. Fantástico.


Quinta da Saes 2006
Não é um cem por cento encruzado. Leva 80% de Encruzado e um blend de outras castas, onde entra o Sercial. É feito a partir de uma vinha velha. Muito aromático no nariz: com fruta frutos de caroço e aromas químicos. Na boca inicia com fruta de caroço passa para aromas químicos e depois engorda no final terminando melado. Um vinho para descobrir e deixar ser levado pela corrente de sabores. Final médio.


Quinta da Saes 2005
De registo mais austero, talvez seco em demasia, com as mesmas transições de boca como o de 2006.

Quinta dos Roques 2001
Esta colheita já muito distante dos vinhos novos, mostra a magia da casta. No nariz já não existe fruta, há aromas de rebuçado e anis. Na boca os sabores andam em torno de transição de diversos licores de fruta, com uma acidez viva. Surpreendente.


Porta dos Cavaleiros 1985
Feito a partir de um blend de Encruzado e Bical, Muito transformado pelo tempo, com uma acidez viva de fazer inveja a muitos outros vinhos, aromas a cola de madeira, sabores químicos, não agradará à maior parte dos consumidores. Dos vinhos velhos, este foi o que gostei mais. Incrivelmente fresco na boca, com acidez viva, resinoso, complexo, decompõe-se em camadas, final longo, fantástico.


Centro de Estudos de Nelas 1971
Feito a partir de de um blend  de Encruzado, Malvasia Fina e Sercial. Ainda em grande forma: acidez viva,  de perfil seco mas com unto, algumas notas florais e sensações de notas de café no final. Magnifico para um vinho com quase 40 anos.


English:

Encruzado wine variety has its roots in Dão region and it has remained there. Provides white wines with a lively acidity, providing conditions keep it in the cellar. New wines are fruity with great impact in the mouth, when aged mutate around mach box aromas, resins and other more complex chemical combinations.



Pity is that one of the varieties with high potential in our country, along with Alvarinho remains forgotten. The event where these wines were drunk was held in early November and at the time of writing this chronicle is being held the Wine Tourism Conference & Workshop in Oporto. Jancis Robinson said in twitter: "Tricky to dissuade from Portuguese history Their thinking is enough to sell Their wine ". Clearer about our strategic tactics. Another symptomatic aspect: in the test room half of people were winemakers responsible for some of the wines that were part of the tasting experience (eg Quinta dos Carvalhais, Munda) people over 50 years  who knew about the grape aging potential and a few more curious people. Sarah Ahmed was also present that demonstrates foreigners are more interested in these particular wines rather than the Portuguese themselves.




The tasting was led by the wine critic João Paulo Martins.


Quinta dos Carvalhais 2010 - wine vat
sample
This wine is made from two different vineyards. Still very raw (tart), but provides some hints about fruit concentration.


Quinta dos Carvalhais 2010 - barrel sample
With crisp acidity, still raw, no oak presence because according to the producers they did not burn the barrel, use hot water instead providing fresh sensation and a naked character.


Quinta dos Carvalhais 2009

Lots of stone fruit, great balance in the mouth with a perfect acidity, flavour and releases slightly retro-balsamic sensation. Long finish.


Adega de Penalva 2008
A wine with very different profile from the others. Dominated by floral, but with little interaction and short acidity. I did not like it.




Munda 2007
I drunk the 2009 vintage in the same week it seemed too youthful. 2007 vintage is huge and it was my favorite among the young ones. Complex nose: grass, matchbox, leaves, some stone fruit. In the mouth, is a dry wine with austere profile, with a bright acidity and lots retro balsamic, stone fruit flavour becomes exponential. Long finish. Fantastic.

Quinta da Saes
2006
Not a hundred percent Encruzado. It's a blend of 80% Encruzado and other grapes like Sercial. It's origin is an old vineyard. Very aromatic nose: stone fruit and chemical aromas. In the mouth it begins with stone fruit, transforms to chemicals flavours, ends fat, with syrup notes. Let the wine drifting in your mouth. Medium finish.





Quinta da Saes 2005
More austere, perhaps too much dry with the same transitions like the 2006 vintage.



Quinta dos Roques 2001
This one far from the young wines shows the magic of wine grape. In the nose there is no longer fruit there are aromas of sweet and anise. In the mouth the flavours transforms within various fruit liqueurs, with a lively acidity. Amazing.



Porta dos Cavaleiros 1985
Made from a blend of Encruzado and Bical, much transformed by age, with a lively acidity (some wines can envy this acidity), aromas of wood glue, chemical, not appealing to most consumers.This was what I liked most from the aged ones. Incredibly fresh in the mouth, with lively acidity, resinous, complex, layered, long finish, fantastic.



Centro de Estudos de Nelas 1971
Made from a blend of Encruzado, Malvasia Fina and Sercial. Still in great shape, lively acidity, dry but with a  buttery character, some floral notes and some coffee hints at the end. Very good for a wine with almost 40 years.




domingo, 5 de dezembro de 2010

Passagem 2005 Tinto

Português:
Aventura pessoal do enólogo Jorge Moreira, ligado aos vinhos Quinta de la Rosa e Poeira.

Aparência:
Cor entre o granada e rubi, quase opaca. Lágrima cola-se ao copo.

Aromas:
Nariz aromático, volátil, frutos vermelhos e baunilha.

Palato:
Ataque com baunilha e madeira tostada aparecendo depois frutos vermelhos e sensações de anis que mais tarde, à medida que se vai bebendo, vai dominando os sabores. Tem uma boca fresca. Impressiona por ser macio, com corpo médio e acidez fina com taninos felpudos com textura de carpete que lhe transmite ligeira rudeza.

Final:
Médio.


Conclusão:
É um vinho de inverno, ideal para acompanhar cabrito assado. Os taninos que podem ser algo "espessos" para alguns dão-lhe um carácter ligeiramente selvagem ao vinho, demarcando-se dos padrões que estamos habituados a beber. Parece que o vinho foi propositadamente feito desta forma e está muito bem assim. Custa 13€.

English:
Personal adventure of winemaker Jorge Moreira, responsible for Quinta de la Rosa and Poeira Wines.



Appearance:
Colour between garnet and ruby, almost opaque. Tear glue to the glass.

Aroma:
Aromatic nose, volatile, red fruit and vanilla.

Palate:
Vanilla attack followed by toasted oak and red fruits with some anise sensations that later, dominate the flavours. It has a fresh mouth. Impressed by it's softness, with medium body and fine acidity with carpet texture tannins that brings a slight roughness in the end.
Finish:
Medium.

Conclusion:
It is a wine to taste in winter season, pairs perfectly roast lamb. Tannins may be something "thick" for some but it provides a wild character. Seems that the wine was purposely done this way and I love it. It costs 13€.