Há uns anos atrás tinha um Cliente Israelita que adorava comer marisco. Quando o acompanhava num refeição a escolha era invariavelmente Vinho Verde.
A paixão do Cliente pelo Vinho era tal que pedia-me sempre que lhe enviasse sempre uma caixa de vinho verde com a mercadoria. Normalmente não lhe enviava sempre a mesma marca. Quando a mercadoria chegava ao destino esperava pelo feedback. Numa das ultimas expedições enviei-lhe Soalheiro. Como resposta obtive "um dos melhores".
Por razões que os profissionais de Marketing saberão explicar o Vinho Verde está normalmente associado ao Verão e por outro lado conotado devido a algumas marcas de consumo fácil a vinho de perfil refrescante, pelo que ultimamente nem tenho olhado muito para as prateleiras onde os vinhos estão colocados.
Nariz com sensações de melão com final a maracujá. Muito aromático e apetitoso.
Na boca revela sensação frisante (dispensável). Sabe mais a maracujá maduro. É um vinho fresco estruturado com corpo médio.
Quando se bebe o nariz é simultaneamente invadido pelas mesmas sensações o que tornam a prova muito agradável. Quase não tem acidez.
O meu Cliente tinha razão. O Soalheiro vai continuar a deslumbrar.
Outras colheitas: <2009,2010,2011>
http://www.soalheiro.com/
Comments
Gostaria de perceber se quando diz que o vinho quase não tem acidez se é um defeito se é uma virtude. Para mim é um defeito. A acidez é a coluna vertebral do vinho branco.
Já agora gostaria para revelar a minha preocupação com os aromas a maracujá num vinho alvarinho, longe do seu verdadeiro perfil aromático e produto de técnicas de vinificação tendentes a uniformizar os vinhos.
O vinho sabe marcadamente a maracujá. Isso não há dúvida. Mas este alvarinho tem um perfil diferente dos restantes com um sabor mais tipico.
Pela descrição o vinho não estava em condições de ser bebido. O Soalheiro tem reputação de conseguir aguentar mais do que um ano e continuar a surpreender, desde que as condições de guarda (armazenamento) sejam adequadas.
Contudo o padrão de consumo de vinhos verdes deve ser no próprio ano em que são lançados sob pena de perderem acidez e sabores tornando-os murchos.
De facto inclinar-me-ia a concordar consigo quando diz que o vinho poderia não estar em condições de ser bebido, mas entretanto aconteceu-me o mesmo com um Palácio da Brejoeira: o mesmo perfil sem tirar nem por, pareciam cópia um do outro... Ou é muito azar ou então tenho de considerar que sou eu que não gosto por aí além de Alvarinho. O que acaba por ser estranho: bebi há uns tempos um Bouza do Rei de 2008, DOC Rias Baixas que me agradou, o que me leva a interrogar-me se o perfil português de Alvarinho não tenderá para esse tipo de vinho excessivamente delicado, com os quais é preciso ter um afiado nariz de crítico para descortinar um longínquo aroma a qualquer coisa fugidia vagamente parecida com maracujá... Fica a intenção e a experiência, mas dêem-me antes um franco e esfuziante verde do vale do Sousa, daqueles que entram pelo nariz adentro sem pedir licença... :)